segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Vídeo Papo de Primata - Eu não acredito...


Quem é ateu certamente já ouviu alguma pergunta parecida com esta:

"Por que você não acredita em um deus tão maravilhoso?"

A verdade é que, para muitos que creem, é difícil entender como uma pessoa pode duvidar da existência de um criador do universo. Uma entidade perfeita, bondosa e justa, adorada por uma quantidade enorme de fiéis.

Como é possível achar que tanta gente esteja errada?

É o que nosso amigo David Ayrolla vai tentar responder neste vídeo!

Com vocês, mais um vídeo do canal PAPO DE PRIMATA!


sexta-feira, 27 de setembro de 2013

#Um Ateu - Clarice Falcão - Exemplo de artista


          Filha da grande escritora e roteirista Adriana Falcão e do Diretor, compositor e roteirista João Falcão, Clarice Franco de Abreu Falcão, nascida em 23 de outubro de 1989 em Pernambuco, é atriz, cantora, comediante, roteirista, violinista e compositora. Começou a carreira como atriz atuando em curta-metragens a partir em 2006, estrelou "Laços ao lado" de Thiago Henderson, que é o seu curta de maior destaque. No cinema, fez uma participação no filme "Fica Comigo Esta Noite" de 2006, protagonizou o filme "Eu Não Faço a Menor Ideia do Que Eu Tô Fazendo Com a Minha Vida" de Matheus Souza. O filme, que abriu o Festival de Cinema de Gramado, despertou o interesse de Fernando Meirelles e agradou ao público no Palácio dos Festivais. Ganhou também o prêmio do júri popular no Festival do Rio e na Mostra de Cinema de São Paulo. Em 2008, viveu sua primeira personagem em uma novela, A Favorita. Em 2012, Clarice também começou a trabalhar como roteirista no seriado Louco Por Elas, da Rede Globo. Também em 2012, estreou como parte do elenco do programa Elmiro Miranda Show, exibido pelo canal TBS. Além do trabalho de roteirista nas séries "As Cariocas" e "As Brasileiras", nessa última fez uma participação como atriz no episódio "A Vidente de Diamantina". Mais recentemente, Clarice foi responsável pela música no filme "Apenas o Fim", re-adaptou, junto com Matheus Souza, a peça "Confissões de Adolescente" para uma nova montagem que também contou com ela no elenco. Também fez parte do elenco de "Vendemos Cadeiras", programa humoristico do Multishow. Na mesma emissora, representou a si mesma na série humorística O Fantástico Mundo de Gregório, no qual a estrela principal é o seu namorado, Gregório Duvivier.
          Em 2012 inicia o canal no Youtube Porta dos Fundos junto com Fábio Porchat, Gregório Duvivier e outros atores, que vem se tornando o canal de maior visualização do Brasil em muito pouco tempo. Sua carreira musical ganhou notoriedade a partir dos vídeos de suas músicas colocados no YouTube. Com mais de 10 milhões de acessos, os vídeos são em maior parte de suas músicas como "A Gente Voltou", "Macaé" e "Qualquer Negócio". Em maio de 2013, Clarice lançou seu primeiro álbum musical, Monomania que conta com as músicas que estavam no YouTube e no seu EP, lançado no ano anterior, além de outras. Apenas com composições autorais, o álbum foi lançado apenas na internet, disponível para compra no iTunes. Em sua estreia ficou uma semana como o mais vendido do site, como disse a produtora do disco Olivia Byington durante a entrevista de Clarice no Programa do Jô. Após a entrevista o álbum voltou ao topo, permanecendo lá por tempo significativo. Uma versão física é vendida nos shows da cantora, porém não deve chegar às lojas.
          Em 2013 entra em turnê do seu primeiro disco. nesse ano atuou em dois comerciais do Grupo Pão de Açúcar e o céu é o limite. Clarice cresceu rodeada por música, cinema e teatro, fato que contribuiu para sua formação artística: “Minha família sempre foi apaixonada por música. Minha mãe me colocava pra dormir cantando Chico Buarque e meu pai sempre compôs canções para as peças que ele escrevia. As festas lá em casa terminavam em uma roda de violão”, conta a cantora em entrevista ao Virgula Música.
          Apesar de suas composições sobre relacionamentos que acabaram de forma traumática, a vida amorosa da cantora vai muito bem. Ela namora há três anos o também roteirista e colega de elenco no Porta dos Fundos, Gregório Duvivier, com quem divide projetos, roteiros, textos e canções: “A primeira coisa que eu faço quando termino uma música é correr pra mostrar pras pessoas, e o Gregório quase sempre é o primeiro. Para criar é muito bom ter alguém do seu lado que te entenda, que te complete".
          Recentemente atuou no vídeo "Oh, Meu Deus" do canal "Porta dos Fundos" onde interpreta uma mulher em uma consulta ginecológica e que tem a figura de Cristo descoberta em sua vagina. O vídeo gerou revolta no pastor e deputado Marco Feliciano que acionou a Polícia Federal, na tentativa de censurar a veiculação do programa, e conclamou seus seguidores em uma cruzada contra o programa, o que funcionou de forma contrária, despertando a curiosidade no público. “Eu não acho que o vídeo tenha sido ofensivo, foi apenas uma brincadeira com pessoas que enxergam a imagem de Jesus em lugares inusitados. Mas, é claro, que não tem como agradar todo mundo”, explica a cantora, que diz não ter religião: “sou ateia, mas não acho que o Brasil seja um país laico”. “Infelizmente, em todas as notas do nosso dinheiro está escrita a frase “deus seja louvado”. Acho uma pena, até porque as religiões minoritárias terminam saindo prejudicadas. Uma piada sobre a religião católica ou evangélica causa revolta, mas a frase ‘chuta que é macumba’ é falada cotidianamente e ninguém acha estranho”, finaliza.
          Cabe ressaltar que o vídeo já ultrapassou a marca dos 4 milhões de visualizações e foi bastante apreciado pelo público ateu. Fica por aqui nossa pequena homenagem a essa atéia que é um exemplo de mulher versátil, artista mais do que talentosa embora tenha uma visão bastante realista do mundo que nos rodeia.

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#JC

sábado, 21 de setembro de 2013

A controversa estória da Vassoura Sagrada - Apenas mais um conto de fadas.

         
     
         Certo dia, em um lugar tão distante, em um tempo tão distante, em uma terra sem leis, onde algumas pessoas matavam, roubavam e cometiam diversos tipos de atrocidades, seus governantes, afim de manter as pessoas controladas e impor limites a estas, fizeram uma reunião com seu conselho de anciãos, para tentar resolver os problemas da violência que os assolava. Eles poderiam criar leis, criar escolas para difundir o conhecimento, a ciência, valorizar as artes e difundir cultura para a população mais pobre, mas isso seria muito ruim para os governantes, tendo em vista que um povo educado, com cultura e acesso a informação seria mais consciente de seus direitos e não permitiria que seus governantes continuassem tendo a boa vida que tinham com enormes reservas de ouro, grandes propriedades, muito dinheiro gasto desnecessariamente com festas e construções de mais palácios luxuosos e confortáveis.
          Então eles decidiram nesta reunião, que deveriam criar uma religião. Nesta religião, existiria um ser imaginário que não pudesse ser visto, tocado, ouvido ou sequer ser sentido. Mas que tudo poderia ser, tudo poderia ver, e poderia vigiar a todos em todos os lugares. Assim nasceu a "Vassoura Sagrada". Quem fosse submisso a essa Deusa, seria salvo de um lugar horrível, o saco de poeira do terrível aspirador de pó. O aspirador de pó, foi um dos servos fiéis da Vassoura sagrada por muitos anos, porém, queria ser sempre mais eficiente, sempre muito invejoso, consumia muita energia elétrica, ou seja não era nem um pouco "sustentável". Até o dia em que a Vassoura Sagrada, diante de sua sabedoria infinita, percebeu isso, expulsando o terrível aspirador de pó da Lavanderia Celestial. O aspirador de pó, indignado, se inflou de forma que ficou enorme, poderoso e até os dias de hoje, persegue as almas dos pobres seres humanos, fazendo com que eles façam coisas ruins e as que ele conquista, permanecem para todo o sempre sendo torturados no saco do aspirador de pó, no meio de toda a sujeira, poeira, lama, tudo mais que não presta.
          Mas voltando ao assunto dos governantes, eles começaram a difundir entre a população mais pobre, esta religião. Em pouco tempo, os índices de violência no local caíram vertiginosamente. As pessoas passaram a temer a bondosa Vassoura Sagrada, afinal de contas, ela havia dado o livre arbítrio, porém, se você não a amasse incondicionalmente e não seguisse a risca seus dogmas e preceitos, adivinha pra onde você iria após a sua morte? Exatamente, para o saco do Terrível aspirador de pó. Para evitar insurgentes contra esta religião, os governantes começaram a difundir que coisas naturais como a educação, o conhecimento, o questionamento e a razão, seriam artimanhas utilizadas pelo Terrível Aspirador de pó contra a benevolente Vassoura sagrada. Dessa forma, a população evitava questionar, pensar racionalmente, se instruir, buscar conhecimento científico, com medo de acabar indo parar no saco do Aspirador de pó.
          O tempo passou, as pessoas que criaram esta fábula morreram, outras continuaram pregando a religião da Vassoura sagrada, outras pessoas de lugares diferentes criaram outras fábulas com o mesmo intuito (controle populacional), guerras foram travadas em nome da fé na Vassoura sagrada, milhares, senão milhões de pessoas foram mortas em nome desta fé, a ciência, muito vagarosamente e com bastante cuidado e muito perseguida, foi derrubando aos poucos diversas crenças e dogmas sem fundamento dessa religião, porém, mesmo assim, ela se consolidou como uma das grandes religiões no mundo atual e apesar de não precisarem mais utilizá-la para controle populacional, tendo em vista que hoje o conhecimento é bastante difundido, têm acesso ilimitado à informação, embasamento científico suficiente para questionarem esta e qualquer outra religião, (embora não seja necessário nenhum conhecimento cientifico, para saber que não existe coelhinho da páscoa, por exemplo), ainda assim, pessoas com interesses, no mínimo estranhos, ainda querem difundir a religião da Vassoura Sagrada, só que, não mais para serem salvas após a sua morte (isso já tava meio difícil de acreditar nos dias atuais), mas para terem uma vida de prosperidade enquanto ainda estão vivas. Passaram a chamar de religião da prosperidade e afirmam que quanto mais doarem em dinheiro para a coitada da Vassoura Sagrada, mais receberão em troca. Cabe ressaltar que o que vemos são seus líderes cada vez com mais, realmente. Porém, os seguidores, dificilmente conseguem prosperar igualmente. Mas isso não vem ao caso, pois a Vassoura é sagrada e ninguém deve questionar suas vontades, apenas obedecer.
          A Vassoura Sagrada já mudou de ideia diversas vezes, já achou que escravidão seria aceitável, já afirmou que as mulheres devem ser submissas, já disse até que homossexuais e mulheres adulteras deveriam ser apedrejadas até a morte. Porém, há quem diga que ela é boa, amorosa e quer te servir, desde que você a ame incondicionalmente. Afinal esses são os mistérios da Vassoura Sagrada.

OBS: Vale lembrar que a estória acima é ficção e seus personagens não são inspirados em nenhum outro personagem de nenhuma religião judaico-cristã ocidental. Qualquer semelhança é mera coincidência.

          Mas me diga, você, acredita na Vassoura sagrada? Segundo a teoria dos seguidores desta religião, se você não acredita que ela exista, isso significa, automaticamente que ela existe e que você teria que provar a sua não existência. Se você disser que ela não existe, porém não consiga provar, você estaria criando assim uma nova religião ou fé. Dá pra acreditar nisso?

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#JC

#Um Ateu - Karl Marx - Exemplo de intelectual



                    No #Um Ateu de hoje, explanaremos sobre um grande filósofo, intelectual e revolucionário, que com suas ideias e publicações ajudou a rever e teorizar a maior parte das ciências e seus métodos, utilizados até hoje.
Karl Heinrich Marx foi um intelectual e revolucionário alemão, fundador da doutrina comunista moderna, que atuou como economista, filósofo, historiador, teórico político e jornalista.
Nascido em 5 de maio de 1818, na cidade de Tréveris, Alemanha, seu pensamento influencia várias áreas até hoje, especialmente Filosofia, Geografia, História, Direito, Sociologia, Literatura, Pedagogia, Ciência Política, Antropologia, Economia e Teologia. Outras áreas também são influenciadas por eles, tais como Biologia, Psicologia, Comunicação, Administração, Turismo, Design, Arquitetura, entre outras.
As teorias de Marx sobre a sociedade, a economia e a política - conhecidas coletivamente como marxismo - afirmam que as sociedades humanas progridem através da luta de classes: um conflito entre a classe burguesa que controla a produção e um proletariado que fornece a mão de obra para a produção. Ele chamou o capitalismo de "a ditadura da burguesia", acreditando que seja executada pelas classes ricas para seu próprio benefício, Marx previu que, assim como os sistemas socioeconômicos anteriores, o capitalismo produziria tensões internas que conduziriam à sua autodestruição e substituição por um novo sistema: o socialismo. Ele argumentou que uma sociedade socialista seria governada pela classe trabalhadora a qual ele chamou de "ditadura do proletariado", o "Estado dos trabalhadores" ou "democracia dos trabalhadores". Marx acreditava que o socialismo viria a dar origem a uma apátrida, uma sociedade sem classes chamada de comunismo. Junto com a crença na inevitabilidade do socialismo e do comunismo, Marx lutou ativamente para a implementação do primeiro, argumentando que os teóricos sociais e pessoas economicamente carentes devem realizar uma ação revolucionária organizada para derrubar o capitalismo e trazer a mudança sócio econômica.

Um dos seus principais inspiradores, Hegel foi professor da Universidade de Jena, a mesma instituição onde Marx cursou o doutorado. E, em Berlim, Marx teve contato prolongado com as ideias dos Jovens Hegelianos. Os dois principais aspectos do sistema de Hegel que influenciaram Marx foram sua filosofia da história e sua concepção dialética.

                “A mistificação por que passa a dialética nas mãos de Hegel não o impede de ser o primeiro a apresentar suas formas gerais de movimento, de maneira ampla e consciente. Em Hegel, a dialética está de cabeça para baixo. É necessária pô-la de cabeça para cima, a fim de descobrir a substância racional dentro do invólucro místico.”              

A respeito da influência de Hegel sobre Marx, escreveu Lenin que

                 “(…) é completamente impossível entender O Capital de Marx, e, em especial, seu primeiro capítulo, sem haver estudado e compreendido a fundo toda a lógica de Hegel.”

Outro de suas inspiradores, Ludwig Feuerbach foi um filósofo materialista que atraiu muita atenção de intelectuais de sua época. Publicou, em 1841, uma obra (Das Wesen des Christentums – A essência do cristianismo) que teve influência importante sobre Marx, Engels e os Jovens Hegelianos. Nela, Feuerbach criticou duramente Hegel, e afirmou que a religião consiste numa projeção dos desejos humanos e numa forma de alienação. É de Feuerbach a concepção de que em Hegel a lógica dialética está "de cabeça para baixo", porque apresenta o homem como um atributo do pensamento ao invés do pensamento como um atributo do homem. Sem dúvida, o contato de Marx com as ideias feuerbachianas foi determinante para a formulação de sua crítica radical da religião e das "concepções invertidas" de Hegel.
Marx nunca escreveu um livro dedicado especificamente à metodologia das ciências sociais para expor, mas deixou, dispersas por numerosas obras escritas, um conjunto de reflexões metodológicas, nas quais desenvolve o seu próprio método por meio da crítica ao idealismo especulativo hegeliano e à economia política clássica.
Segundo Marx, Hegel e seus seguidores criaram uma dialética mistificada, que buscava explicar especulativamente a história mundial como auto desenvolvimento da Ideia absoluta.
Já os economistas clássicos naturalizavam e desistoricizavam o modo de produção capitalista, concebendo a dominação de classe burguesa como uma ordem natural das relações econômicas, a partir de um conceito abstrato de indivíduo, homo economicus. Por isso, os economistas clássicos recorriam a ‘robsonadas’, isto é, narrativas de trocas de produtos entre caçadores e pescadores primitivos, para ilustrar as suas teorias econômicas. Marx atribuía essa mistificação ao fetichismo da mercadoria, e não a uma intenção consciente.
Em oposição aos filósofos idealistas e aos economistas clássicos, Marx propunha a investigação do desenvolvimento histórico das formas de produção e reprodução social, partindo do concreto para o abstrato e do abstrato para o concreto.
Para Marx a crítica da religião é o pressuposto de toda crítica social, pois crê que as concepções religiosas tendem a desresponsabilizar os homens pelas consequências de seus atos. Marx tornou-se reconhecido como crítico sagaz da religião devido a sentença que profere em um escrito intitulado Crítica da filosofia do direito de Hegel: “A religião é o suspiro da criatura oprimida, o coração de um mundo sem coração, assim como é o espírito de uma situação carente de espírito. É o ópio do povo.” Em verdade, Marx se ocupou muito pouco em criticar sistematicamente a atividade religiosa. Nesse quesito ele basicamente seguiu as opiniões de Ludwig Feuerbach, para quem a religião não expressa a vontade de nenhum deus ou outro ser metafísico: é criada pela fabulação dos homens.
Encontrando-se deprimido por conta da morte de sua esposa, ocorrida em dezembro de 1881, Marx desenvolveu, em consequência dos problemas de saúde que suportou ao longo de toda a vida, bronquite e pleurisia, que causaram o seu falecimento em 1883, em Londres. Foi enterrado na condição de apátrida, no Cemitério de Highgate.

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terça-feira, 3 de setembro de 2013

O estelionato religioso

                    Semanalmente, perto de 3 mil atendimentos são realizados por João Teixeira de Farias, ou como é conhecido em varias comunidades espíritas e programas de televisão, ‘João de Deus’. Seus atendimentos se baseiam no que se intitula “cirurgia espiritual”, para as mais variadas síndromes que acometam pessoas que, dentro de um determinado e pessimista autoprognóstico, e até mesmo incauto, buscam aliviar e até mesmo livrar-se do seu acometido. Um desses casos é da austríaca Martha Rauscher, de 58 anos, que morreu na Casa Dom Inácio de Loyola, centro dirigido por João de Deus. Em busca de tratamento espiritual, Martha teria chegado a Abadiânia no final de janeiro, acompanhada de duas amigas. Ainda não se sabe ao certo o motivo da morte da austríaca – que ocorreu em 2 de fevereiro de 2012, mas a suspeita da polícia civil da cidade é de que ela tenha sofrido um acidente vascular cerebral (AVC) enquanto era atendida na casa. O caso está sendo investigado a pedido do Ministério Público.1
O que um caso como esse nos remete para uma compreensão completa de até aonde vai a disposição das pessoas se atrelarem a isso e do governo tornar a situação para si e agir conforme a legislação vigente deva agir.
O estelionato se define como “obter, para si ou para outro, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento.” (Título II, Capítulo VI, Artigo 171)2. Com esta premissa em mente, não é difícil analisar que este artigo abrange tranquilamente uma gama enorme de ações provenientes do paradigma religioso. Daí então o chamaremos de ‘Estelionato religioso’3 (termo esse não criado aqui e perdido pelas auguras das sistemáticas publicações contra este crime tão pouco creditado), pois sua especificidade em várias ações eclesiásticas – como já dito – convém também sua abrangência para vários impropérios destes.

O estelionato como charlatanismo
Ao se fazer por meio fraudulento uma ação direta contra outrem, fica claro que a intenção só pode ser possuir vantagens sobre este ou outros, com a demonstração da ação. Foi isso que João de Deus fez. Pura e simplesmente. Fez e ainda o faz. Mas o cerne da atuação dele, dentro do prospecto individualista, onde poderia se colocar que o mesmo agia conforme seu determinismo, numa causa que superaria uma ocorrência como a de Martha Rauscher, é inquestionável que estas ações ocorreram e o mesmo deve responder por elas. Suas ações remetem não apenas ao artigo 171, mas mais diretamente ao Artigo 282, a saber, “Exercer, ainda que a título gratuito, a profissão de médico, dentista ou farmacêutico, sem autorização legal ou excedendo-lhe os limites” – este senhor é analfabeto (dito isto é como forma de suplementar o contexto). Há ainda os Artigos 283 (“Inculcar ou anunciar cura por meio secreto ou infalível”) e 284 (“Exercer o curandeirismo”), onde ambos se aplicam às ações deste senhor de maneira explícita. Todas estas leis se põem com o intuito de evitar praticas que levem ao incauto da esperança pessoal, pois a mesma não pode ser suplantada quando se há a profilaxia de quaisquer males que haja na pessoa.
O fato de que alguém possua um problema aparentemente irresolúvel não pode dar o direito de outro se aproveitar, mas o axioma desta situação é exatamente este: esse método não existiria se pessoas não se vissem necessitadas disto. E isso acaba remetendo, numa proporcionalidade absurdamente grande, a tragédias como com a senhora austríaca, num caso especificamente médico: falta de assepsia, uso irregular de métodos provavelmente nada estudados sobre o que se fazer e não se fazer no corpo humano, isso é o curandeirismo.

O milagre
Ao compreender melhor o que se cita nos artigos 283 e 284 acima citados, podemos perceber outro arquétipo da religião: as curas milagrosas. São comuns ações que impliquem, por parte de lideres doutrinários e muitas vezes carismáticos, na ‘cura de males’ através de ações inócuas, como a simplicidade da reza, até ações mais diretas destes, vistas como exorcismos, pregações eloquentes e cheias de trejeitos, convencimento em massa de dada informação errada ou até mesmo mentirosa. Ações como estas não são exclusividades das igrejas neo-pentecostais (apesar de ser uma pratica muito mais utilizada como propagação de sua doutrina fiduciária, principalmente no Brasil e nos E.U.A. – maiores países pentecostais do mundo4), mas durante muito tempo foi comum – e é até hoje – a prescrição de orações em pequenos pedaços de papel envoltos em capsulas ou mesmo simplesmente amarrados, e os mesmos ingerido pelos fiéis, que juravam à todos os santos que sua acreditada cura havia se dado por este motivo.
Essa crença costuma postular pela não aceitação de tratamentos convencionais – ou pelo menos o interpelando como complementar à ritualística – mas que possuem uma metodologia de eficácia comprovada efetivamente. As pessoas que procuram então esta “alternativa”, mas não abandonam seus tratamentos corretos curiosamente parecem demonstrar certo crescimento no quadro geral, mas isso apenas indica que o tratamento em si faz o efeito desejado, e a aplicação do paciente com relação a horários, quantidades de medicamentos corretamente aplicados e sua regimentação nos alimentos e exercícios é a aplicação mais impactante da fé. Ou seja, isso é basicamente ter fé que o tratamento vai resolver (e com o auxilio divino) e fazer por onde este corresponda, mas que se fique claro que isso não é e nunca foi exclusividade dos beatos5.

O dízimo
Este é por si só um cancro malévolo que se consta na pratica religiosa brasileira, e com um furor quase que incompreensível nestes últimos anos. E aqui, novamente, vemos artigos anteriormente citados sendo ricamente apresentados nas ações de déspotas que se incitam contra quaisquer ideias que emergem contra esta prática.
Ao se fazer uma analise em cima das ideologias doutrinárias das três principais vertentes religiosas no mundo, postadas em seus respectivos livros sagrados (cristianismo, islamismo6 e hinduísmo7), nota-se uma curiosa falta de indicativos com relação ao termo específico ‘dízimo’, onde no Corão (livro sagrado islâmico) o mesmo possui a conotação de tributo, mas sem especificar muito mais do que isto. Já no hinduísmo sequer cita qualquer termo que possua equivalência.
Mas o dízimo possui uma conotação mais explicita aos cristãos: dar de grado para a justificativa do desapego material. Pelo menos esta é a pregação mais prostrada para lhe dar ênfase. Dar o dízimo é um conceito do Velho Testamento. O dízimo era exigido pela lei na qual todos os israelitas deveriam dar ao Tabernáculo/Templo 10% de todo o fruto de seu trabalho e de tudo o que criassem. Alguns entendem o dízimo no Velho Testamento como um método de taxação destinado a prover pelas necessidades dos sacerdotes e Levitas do sistema sacrificial. Já no Novo Testamento não se determina explicitamente uma dada porcentagem de ganhos que deva ser separada, dizendo “apenas” se dar “conforme a sua prosperidade”. A igreja cristã basicamente tomou esta proporção de dízimo do Velho Testamento e a incorporou como um “mínimo recomendado” para a oferta cristã.8
Mas a incoerência começa quando a propagação desta começa a ser imputada aos membros como forma não apenas do que se pareceria o mais correto, como manutenção dos templos, acomodações e despesas em geral (apesar de certas vertentes cristãs a colocarem somente para isso) mas determinam  como uma renovada e contemporânea ‘indulgência’, que celebraria a “salvação das almas dos fiéis”.9 Mas este processo pode – e deve – ser enquadrado no conceito de estelionato, quando a prostração se dá da maneira última citada. Casos diferenciados e eloquentemente esperançosos podem ser encontrados, como quando a Igreja Universal do Reino de Deus foi condenada a devolver o dizimo ofertado pelo “milagre não ter ocorrido”. O caso do motorista Luciano Rodrigo Spadacio, à época com 19 anos, começou em 1º de janeiro de 1999, quando foi abordado por um pastor da Igreja Universal do Reino de Deus. O pastor o teria convencido a se desfazer de seus bens materiais e entregar o que arrecadou para a Universal. O motorista, motivado pela ‘conversa’ com pastor, vendeu seu único bem, um Del Rey, conseguindo R$ 2,6 mil reais e entregou ao pastor. O sacrifício estava feito, faltava a recompensa. Dias depois, Luciano se arrependeu, se vendo como vítima da fragilidade e do desespero por conta de dificuldades financeiras. Foi ao banco e conseguiu sustar um dos cheques, no valor de R$ 600 reais, que entregara ao pastor. A mesma sorte não teve com o segundo, de R$ 2 mil. Alegando ser vítima de gozações e chacotas, o motorista entrou com ação de indenização, por danos morais e materiais.10
Deve-se então ficar atento a posicionamentos com relação à esta prática, não pelo simplismo da individualidade retorquida do religioso ‘dizimista’, mas  pelos prejuízos claramente observáveis à legislação e a que se denegreçam pessoas que não participam desta descalabro sejam tosquiadas do convívio social. Não podemos esperar muita coisa diferente em doutrinas que citem a própria palavra ‘dízimo’ 56 vezes!11
As mais variadas formas de se subjulgar pessoas e grupos não são novas, nem possuem vertentes atuais, e as religiões sempre foram – e são até hoje – meios muito eficazes de se alienar, seja pelos métodos, promessas, imposições de muitas maneiras. Aqui apenas demonstramos que o estelionato é a nomenclatura mais coerente com determinadas práticas infelizmente muito difundidas no meio religioso. Desde casos em que a pessoas deixe sua atenção voltada para longe de sua própria saúde até em casos que é a simples extorsão mesmo.

11 Bíblia Sagrada

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