quinta-feira, 30 de abril de 2015

JESUS CRISTO, CAMPEÃO DOS ALCOÓLICOS ANÔNIMOS


Os Alcoólicos Anônimos dizem para seus integrantes evitarem a primeira dose e contam cada dia que ficam sem beber. Eles dizem coisas do tipo: Estou sem beber há 4 anos, 3 meses e 20 dias.
Pensando assim, para quem crê piamente nos Evangelhos, Jesus é campeão dos campeões, pois está há quase dois mil anos sem chegar perto do vinho.
Evangelho de Hoje:
Mateus 26: 29:
"E vos afirmo que, de agora em diante, não mais tomarei deste fruto da videira até aquele dia em que beberei o novo vinho, convosco, no Reino de meu Pai”.

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terça-feira, 28 de abril de 2015

CIÊNCIA SÓ QUANDO INTERESSA


Acabo de ler uma reportagem, publicada por O GLOBO, neste 21 de abril de 2015, sobre a transexual Maitê Schneider. Fico pasmo com os comentários dos religiosos na versão digital do jornal.

Um diz que o dinheiro público não deveria ser gasto com essas cirurgias efetuadas pelo SUS em detrimento de outros gastos com Saúde. Bem, se faltam remédios ou material hospitalar em Pindamonhangaba ou em Juazeiro do Norte, a culpa não cabe aos transexuais. Mas quem argumenta assim não abre a boca para dizer que se gasta mais tratando doenças do que prevenindo doenças -- quando sabemos que cada real investido em saneamento básico implica na economia de quatro reais em tratamentos médicos. E eu lembro sempre a máxima de Drauzio Varella, de que a medicina existe para aliviar o sofrimento. E é isso que as cirurgias de redesignação sexual fazem: diminuem o sofrimento de quem não se reconhece no corpo em que nasceu.

Outro diz que ela nunca será mulher porque tem o cromossomo Y, o invés dos cromossomos XX. Eu pergunto a esses religiosos, que sustentam a veracidade da fábula da cobre falante: vocês sabem definir, explicar, o que é um cromossomo? Já viram um cromossomo? Cromossomo, para eles, é apenas uma palavra usada para negar aos transexuais o direito de decidirem sobre o próprio corpo.

Essa desonestidade intelectual me enoja.

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segunda-feira, 27 de abril de 2015

TRANSEXUALIDADE


A cartunista Laerte Coutinho, que pensou em denominar-se Sônia, mas preferiu manter o nome que sempre foi sua marca, desde quando se identificava como homem, disse numa entrevista ao programa "Talk-Show do Rafucko", disponível no Youtube, que "preconceito não é a opinião antecipada; preconceito é a opinião que não muda". Perfeito! Quem menospreza negros, mulheres, judeus, homossexuais etc. manterá suas opiniões grotescas mesmo que vejam representantes das categorias que despreza vencerem o Nobel em várias categorias.

Costumo dizer que tudo evolui, não só a natureza como a cultura. Daí que tenhamos caminhado do Latim para o Português de hoje, que não será o mesmo dentro em pouco. Também as religiões evoluem. Exemplos: A missa católica deixou de ser em Latim para ser em línguas vernáculas, embora a Igreja Católica não admita que mulheres cheguem ao sacerdócio. A Igreja Anglicana já tem mulheres como sacerdotisas e até uma bispa. Várias igrejas reconhecem o amor entre pessoas do mesmo sexo.
Um amigo que é pastor tem a seguinte postura: casamento não é sacramento e não deve se dar dentro da Igreja. E quanto à homossexualidade, quando alguém toca no assunto, ele recita de cor um rosário de proibições bíblicas que ninguém leva a sério: não consumir laticínios e carne vermelha na mesma refeição; não comer crustáceos; não usar roupas feitas com dois tipos de fios; não trabalhar no sábado; não raspar a barba etc. Então por que levar a sério justamente a proibição de amar alguém do mesmo sexo?
Li recentemente um texto sobre uma judia trans. Ela sentia-se mulher e fez a cirurgia de redesignação sexual, retirando os órgãos masculinos. Segundo ela, a doutrina judaica diz que todos nós nascemos com um defeito e por isso mesmo nascemos: para aperfeiçoar-nos. Ao adaptar-se à sua identidade feminina, ela estaria se aprimorando.

Fico imaginando como as diversas religiões se comportarão diante dos avanços nos direitos civis dos transexuais. Que discursos adotarão as que não forem fundamentalistas para integrá-los a seus rebanhos? Pois admitir que alguém que tem órgãos masculinos sinta-se mulher, ou que alguém com órgãos femininos sinta-se homem é admitir que Deus errou ao criar aquela pessoa com aquele corpo, ou estou errado?

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domingo, 26 de abril de 2015

Respostas a alguns questionamentos criacionistas - por Fabiano Menegídio


No último dia 07 de abril, o grupo AAUSA: Ateus e Agnósticos da UFRRJ - Sociedade Ateísta organizou o 1° Encontro Nacional de Ateus e Agnósticos Universitários, onde alguns palestrantes discorreram sobre temas relacionados a Evolução x Criacionismo. Durante todo o dia, das 09:00 às 21:00hs, abordamos o tema, inclusive, abrindo espaço para quem tivesse o interesse de participar, interagindo, questionando e agregando conhecimento ao evento.

As palestras e os debates que foram realizados durante o evento podem ser visualizadas nesta PLAYLIST
Eis que após o evento, os organizadores do evento recebem um e-mail de um graduado na mesma universidade com alguns questionamentos sobre o evento que estão expostos abaixo, apenas protegendo o nome do emissário, afim de evitar-lhe possíveis constrangimentos e com as devidas respostas elaboradas pelo pelo mestrando em Biotecnologia pela Universidade de Mogi das Cruzes, Fabiano Menegídio. Atuando nas áreas de Genômica Funcional, Genômica Estrutural e Transcriptoma com ênfase em Bioinformática. Especialização em Metodologia de Ensino de Ciências da Natureza e Especialização em Filosofia. Bacharel e Licenciado em Ciências Biológicas com Formação Específica em Gestão Ambiental. Atuação na divulgação acadêmica e no jornalismo cientifico, principalmente sobre a Teoria da Evolução, no blog Evolution Academy e no projeto Universo Racionalista.



Ateus e Agnósticos da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - Sociedade Ateísta

A propósito do Encontro Nacional de Ateus e Agnósticos Universitários promovido por vossa associação, eu, lamentando não ter podido estar presente, quero apresentar algumas considerações sobre a controvérsia Evolução x Criacionismo, tema da vossa reunião deste ano.

1° - A Teoria da Evolução de Charles Darwin é aquilo que o próprio nome indica: Uma teoria. A ciência, como sabem, é um cemitério de teorias. Hoje uma teoria pode nos parecer razoável, mas amanhã perde totalmente a confiabilidade e é posta de lado. Isto pode vir a acontecer à Teoria da Evolução, como aconteceu, por exemplo, com as teses de Lamarq ou as teses iluministas segundo a qual um monte de lixo a um canto gera a formação de ratos, sem necessidade de intervenção divina...Esta tese lá pelos idos do século XVIII chegou a ser o "must" em termos de dialética materialista."

Prezado,

Agradecemos o e-mail encaminhado com relação ao nosso evento e lamentamos que não tenha comparecido para tratarmos dos pontos levantados por você durante o mesmo.

Sobre suas considerações, devo apresentar algumas objeções fundamentadas em artigos científicos publicados em revistas peer-reviewed e livros técnicos de grande circulação no meio acadêmico.

RESPOSTA DE FABIANO MENEGÍDIO:

Sobre sua primeira frase, devo concordar com você. A Teoria da Evolução (desde o Darwinismo proposto por Charles Darwin em seu livro Origem das Espécie, passando pela Síntese Evolutiva que contou com os maiores geneticistas de população do início da metade do século XX e o acréscimo das ideias de Mendel e as novas descobertas científicas que permitiram uma proposta para uma Nova Síntese Estendida) realmente é uma TEORIA.

O grande problema posterior é que você comete uma falha epistemológica básica com relação a uma área de extrema importância para a ciência: a Filosofia da Ciência. O conceito de teoria na Filosofia da Ciência difere extremamente do apresentado pelo senso comum, que utiliza a palavra com a conotação de especulação, algo duvidoso, incerto. Uma teoria científica é um conjunto de explicações sobre um certo tipo de fenômeno, ou um grupo de fenômenos semelhantes. Um outro ponto que deve ficar claro é que ela é uma síntese aceita de um vasto campo de conhecimento, consistindo-se de hipóteses necessariamente falseáveis que foram e serão permanentemente e devidamente confrontadas entre si e com os fatos científicos, fatos estes que integram um conjunto de evidências que, juntamente com as hipóteses, alicerçam o conceito de teoria científica. Uma teoria cientifica reúne todos os fatos relevantes sobre algo, fornecendo uma explicação que se encaixa a todas as observações e pode ser usada para fazer previsões. Na ciência, a teoria científica é o objetivo final, a explicação. É o maior nível de comprovação dentro da ciência. Logo, quando você utiliza a palavra teoria de forma negativa, como no seu texto, demonstra um total desconhecimento de Filosofia da Ciência e de epistemologia.

Você também demonstra um desconhecimento sobre o conhecimento científico quando utiliza o caráter temporal de suas explicações como se fosse algo negativo. O conhecimento científico tem um caráter histórico e temporal justamente por ser constantemente e devidamente confrontado entre si e com os fatos científicos e pela necessidade inerente de falseamento. Logo, uma teoria ser confrontada com novas e acabar refutada ou sofrer mudanças é uma característica extremamente positiva e que demonstra a evolução do fazer científico. Essas características diferenciam o conhecimento científico dos conhecimentos filosóficos, de senso comum e religioso, esse último pautado em dogmas que não sofrem atualizações e se baseiam em um ponto fundamental e indiscutível das religiões.

Baseado no senso comum, muitas pessoas acreditam que quando uma teoria se torna bem estabelecida e atinge uma grande aceitação científica acaba se tornando uma lei cientifica, sendo essa mais uma concepção extremamente incorreta. Uma teoria nunca se torna uma lei. Leis científicas descrevem eventos repetitivos e observáveis, enquanto teorias explicam como esses eventos ocorrem. Se houvesse uma hierarquia na Filosofia da Ciência, as teorias seriam maiores do que as leis. Não há nada maior ou melhor do que uma teoria na Filosofia da Ciência.

As teses de Lamarck realmente foram confrontadas com novos dados empíricos e foram falseadas, graças principalmente aos experimentos de August Weismann. Mesmo com as bases da teoria lamarckista sendo confrontada, hoje temos conhecimento que muitas de suas hipóteses são aplicadas na área da Epigenética. Recomendo que leia detalhes sobre essa área e como as ideias de Lamarck voltaram ao meio científico. Como sugestão de leitura sobre o tema, deixo o livro Evolução Em Quatro Dimensões de Eva Jablonka. Abaixo temos 4619 artigos tratando do tema que acredito validar o ponto levantado acima:

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=epigenetics+review

Já a “tese iluminista” que você se refere possuí um nome: geração espontânea. Realmente essa hipótese foi defendida por diversos cientistas e filósofos no decorrer da história da ciência. Essa hipótese só foi desacreditada pela comunidade científica depois dos experimentos realizados por Pasteur e Tyndall que comprovaram em definitivo a impossibilidade de surgimento de seres vivos totalmente formados a partir da matéria inanimada num curto espaço de tempo e não que a vida extremamente primitiva não possa se formar a partir de moléculas cada vez mais complexas. Para não alongar essa resposta, recomendo o artigo abaixo que trata do tema e responde esse ponto levantado por você, chegando a se aprofundar no tema da Abiogênese e outros temas da origem da vida:

http://www.scielo.br/scielo.php...

Por último, recomendo fortemente que leia livros sobre Filosofia da Ciência, pois sua critica é pautada justamente em um desconhecimento básico do que é uma teoria científica, uma lei científica, hipóteses cientificas e fatos científicos. Além disso, você comete diversos erros relacionados a metodologia cientifica que comprometem uma crítica consistente.

Como sugestão de leitura, deixo dois livros dos principais filósofos da ciência que sustentam todas as afirmações realizadas acima:

Popper, Karl. (1996). A Lógica da Pesquisa Científica. SP. Ed. Cultrix.

Kuhn, Thomas. (1962). The Structure of Scientific Revolutions. University of Chicago Press. 2ª edição.

Além disso, sugiro o livro abaixo em português que explica o que realmente é ciências, como funciona sua metodologia e as diferenças dos tipos de conhecimento científico:

http://www.nelsonreyes.com.br/A.F.Chalmers_-_O_que_e...

"2° - A Teoria da Evolução continua sendo uma teoria, pois jamais se pôde observar uma determinada espécie evoluir para outra. A evolução das espécies não foi comprovada cientificamente. Mas, ao invés de ser considerada apenas uma teoria que os seus apoiantes procurariam provar cientificamente - coisa que ainda não conseguiram, repito -, passou a ser, isto sim, uma espécie de "credo" quase que religioso, a que é exigida fé absoluta, sem questionamentos, sob pena de excomunhão do mundo "dos vivos"."

RESPOSTA DE FABIANO MENEGÍDIO:

Como comentei na resposta anterior, podemos observar que sua crítica se baseia justamente em uma falta de conhecimento epistêmico, tendo em vista que você atribui que a Evolução Biológica é “apenas uma teoria” e apresenta como argumento o fato que ela “não pode ser testada”. Dois pontos importantes para classificar uma hipótese como teoria é ela ser: falseável e testável. Você classificando a Evolução como teoria já está afirmando que cumpre essas duas premissas essenciais. Essas informações podem ser confirmadas no livro que disponibilizei acima. Boa parte de sua segunda crítica está respondida na primeira e no livro fornecido, por isso vou me centrar apenas na questão da especiação.

Você afirma em sua crítica que especiação nunca foi vista. Essa afirmação torna-se extremamente engraçada, pois conforme sua assinatura, você é formado em zootecnia. TODOS os animais que você trabalha são frutos do processo de Seleção Artificial que é a aplicação da Seleção Natural de forma coordenada. Bois, porcos, cachorros, galinhas, milho, banana são grandes exemplos de processos de especiação através de seleção artificial. Só essas afirmações já refutariam a ideia de que “jamais se pôde observar uma determinada espécie evoluir para outra”. Quando o primeiro hominídeo resolveu desenvolver e aprimorar as potencialidades dos animais domésticos e domesticáveis, com a finalidade de incrementar sua produção como fonte alimentar e outras finalidades (por sinal, a descrição de sua profissão) e iniciou um processo de reprodução diferencial, geração de variação e seleção da prole através de características fenotípicas desejáveis, estava promovendo um processo evolutivo que muitas vezes levou a uma especiação.

Apenas falando sobre o gado doméstico, existem inúmeros trabalhos que demonstram o processo de especiação do auroque para ele. Segue abaixo artigo que trata do tema. Ele apresenta uma literatura suplementar em suas referências bibliográficas e uma simples busca em um repositório de artigos apresentará muitos outros:

http://dx.doi.org/10.1371%2Fjournal.pone.0009255

Quando falamos de especiação em ambiente natural, temos mais evidências ainda sobre o processo. Essa crítica é extremamente simplista que grande parte dos criacionistas nem a utilizam, aceitando pelo menos o surgimento de novas espécies para adequar a sua tentativa de explicação denominada Baraminologia.

Abaixo artigos tratando do surgimento de novas espécies:

http://www.talkorigins.org/indexcc/CB/CB910.html

Abaixo uma revista científica que trata apenas da descrição de novas espécies:

http://mapress.com/zootaxa/collections/nova/index.html

Mais uma vez você demonstra um total desconhecimento filosófico, histórico e biológico quando faz suas afirmações. Negar o surgimento de novas espécies é um dos sinais mais clássicos de fundamentalismo, tendo em vista que podemos ver espécies surgindo em curtos espaços de tempo. Espécies em anéis são grandes exemplos e muito bem estudados por biólogos e outros cientistas. Recomendo mais uma vez que busca artigos científicos sérios e que os leia, antes de expressar opiniões sem nenhum tipo de embasamento, além do negacionismo:

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=speciation+review

"3° - A Teoria da Evolução está longe de explicar satisfatoriamente todos os fenômenos do mundo material, de modo especial o surgimento da vida e o surgimento do próprio Homem, que é matéria e espírito. Como o espírito poderia provir da matéria bruta?"

RESPOSTA DE FABIANO MENEGÍDIO:

Desde o seu surgimento, a Teoria da Evolução não tenta explicar a Origem da Vida e nem a do Universo, mesmo ambos sendo fatores importantes para que a Evolução exista. Da mesma forma que não precisamos de um conhecimento histórico de como surgiu o primeiro automóvel para dirigi-lo e entender seu funcionamento, não precisamos saber quais foram os fatores relacionados ao surgimento da vida para entendê-la e analisarmos se a mesma evoluiu ou não. Para a Teoria Sintética da Evolução não importa se a vida surgiu pela hipótese heterotrófica, pelos modelos hidrotermais, pelos modelos abstratos, pelos modelos metabólicos, através do “Mundo de RNA”, pela Panspermia, pela Ecopoese, por uma ação divina, através de testes alienígenas, ou qualquer outra concepção; o que importa é que após o seu surgimento, a vida não permaneceu estática na Terra como defendido pelos Fixistas e que essa vida teve uma ancestralidade comum com base em todas as evidências corroboradas. Logo, sua terceira crítica à evolução se baseia em um desconhecimento do escopo teórico da evolução e das teorias que realmente pretendem explicar a origem da vida. A teoria evolutiva não tenta explicar TODOS os fenômenos do mundo material, nunca foi seu escopo e nenhum biólogo evolutivo apresenta esse objetivo. O artigo que recomendei na resposta sobre geração espontânea e abiogênese trata dessa questão e volto a recomendá-lo. Também recomendo que leia livros acadêmicos sobre a teoria evolutiva para compreender seu escopo, como sugestão deixo os livros abaixo:

RIDLEY, Mark. Evolução. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.

FUTUYMA, Douglas. Biologia Evolutiva. 3. ed. Funpec. 2009.

FREEMAN, Scott; HERRON, Jon C. Análise evolutiva. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.

A conclusão de sua crítica comete mais um erro epistêmico básico e por isso, volto a sugerir que leia a literatura básica recomendada sobre Filosofia da Ciência. Sua crítica é centrada em uma hipótese ad hoc relacionada a existência de uma característica metafisica ao ser-humano denominada “espírito”. Essa característica não possuí qualquer evidência cientifica e não pode passar pela metodologia científica, pois não pode ser falseável e muito menos testada. Com base nisso, ela não é do escopo da ciência, mas sim da teologia que é um ramo da filosofia. Nesse momento entramos novamente na diferenciação dos tipos de conhecimento. A ciência é pautada em um naturalismo metodológico, que é bastante diferente do naturalismo filosófico. O escopo da ciência se centra no que é natural, pode ser falseado e testável.

A teoria da evolução por ser um conhecimento científico não se preocupa com questões metafísicas ou teológicas. Logo, dizer que a evolução não explica o espírito é irrelevante, tendo em vista que essa característica é uma hipótese ad hoc que não pode ser testada e nem falseada, não tendo qualquer tipo de respaldo cientifico.

Sobre a origem do homem, realmente não temos todas as respostas. Mas graças a Genômica funcional, Proteômica e outras áreas da Biologia Molecular, conseguímos obter um grande número de evidências que validam uma ancestralidade comum e que o ser humano é produto de um processo evolutivo.

O link abaixo trata justamente da evolução humana e indica diversos artigos relacionados. Recomendo também a literatura complementar na referência bibliográfica de cada artigo:

http://evolutionacademy.bio.br/.../comparacoes-geneticas.../

"4° - A Teoria da Evolução pretende dar uma explicação para a diversidade de formas de vida presentes sobre a Terra, mas a evolução tem de partir de alguma coisa, de modo que o ato criador de Deus continua sendo necessário para explicar a realidade."

RESPOSTA DE FABIANO MENEGÍDIO:

Como já expliquei em uma resposta anterior, para a Teoria Sintética da Evolução não importa se a vida surgiu pela hipótese heterotrófica, pelos modelos hidrotermais, pelos modelos abstratos, pelos modelos metabólicos, através do “Mundo de RNA”, pela Panspermia, pela Ecopoese, por uma ação divina, através de testes alienígenas, ou qualquer outra concepção; o que importa é que após o seu surgimento, a vida não permaneceu estática na Terra como defendido pelos Fixistas e que essa vida teve uma ancestralidade comum com base em todas as evidências corroboradas.

Sua critica não é direcionada a teoria evolutiva, mas as hipóteses de origem da vida. Como apresentei anteriormente, existem diversos modelos que explicam grande parte da origem da vida sem a necessidade de uma intervenção sobrenatural. Logo, afirmar que um criador "é necessário" torna-se uma falácia de apelo a ignorância e Deus das Lacunas, não um argumento válido. Uma criação sobrenatural é uma hipótese FILOSÓFICA e TEOLÓGICA aceitável, mas não uma hipótese científica. Como dito desde o inicio desse, para se tornar uma teoria científica a hipótese deve ser testável e falseável, sendo que o sobrenatural não cumpre essas duas premissas. Para ser ciência, a hipótese deve passar prelo crivo da metodologia científica que se baseia em um naturalismo metodológico.

Mais uma vez podemos visualizar que suas considerações se baseiam em um total desconhecimento da Filosofia da Ciência e sobre demarcação científica. A leitura de Popper e Kuhn sugeridas na primeira resposta é extremamente válida para desmistificar todos os conceitos incorretos que permeiam suas considerações.

"5° - Nós, os criacionistas, não negamos absolutamente a existência da evolução das espécies. O que nós afirmamos e provamos racionalmente é que existe o ato criador divino, sem o qual nenhuma realidade existiria. Se este ato criador ocorreu só no início do mundo ou se se repetiu no decurso da história é irrelevante. Criar é tirar algo do NADA. Isto nem os mais entusiastas evolucionistas pretendem que o evolucionismo tenha este condão."

RESPOSTA DE FABIANO MENEGÍDIO:

Essa consideração é extremamente interessante, pois demonstra uma total incoerência com sua segunda crítica, aonde afirma que nunca foi visto até o momento o processo de especiação ocorrendo.

Ela já foi respondida anteriormente. Mais uma vez você confunde o escopo de diversas teorias científicas. Realmente a Teoria da Evolução não diz que tudo surgiu do nada, nem mesmo a Biopoese que trata da origem da vida faz essa afirmação. Nem a Teoria do Big Bang faz essa afirmação.

A biopoese propõe o surgimento da vida desde moléculas simples até formas mais complexas, onde essas moléculas precursoras estariam entre a “vida” e “não vida” de forma muito similar aos príons e vírus hoje. Dentro dessa visão de origem existem diversas hipóteses de como foi o surgimento da vida, sendo que todas são órfãs e não fazem parte da Síntese Evolutiva. Uma dessas teorias seria a heterotrófica criada por Oparin que defende que compostos orgânicos teriam sofrido reações em um ambiente aquoso que os levava a níveis crescentes de complexidade molecular, eventualmente formando agregados coloides, ou coacervados. Dentro dessa definição de abiogênese também temos a hipótese do “Mundo de RNA” proposta por Walter Gilbert, em que o mundo atual com vida baseada principalmente no DNA e proteínas foi precedido por um mundo em que a vida era baseada em RNA. Essas duas teorias não são as únicas hipóteses que tentam explicar o surgimento da vida dentro desse contexto de abiogênese existindo muitas outras, como a Panspermia (surgimento da vida fora da Terra) e a Ecopoese. Além disso, essas teorias podem ser complementares e não trabalharem de forma isolada, pois poderíamos ter um surgimento da vida por processo de Panspermia baseada em formas de RNA e sua evolução para a vida composta de DNA.

Mesmo o Big Bang diz que a energia do universo sempre existiu, o que é bem diferente. Logo, sua visão mais uma vez é um desconhecimento das teorias que tenta criticar. É um simplismo epistêmico. Todos esses temas são tratados no artigo que sugeri sobre a geração espontânea.

Por último, suas considerações apresentam na entrelinha uma tentativa falha de interligar a teoria evolutiva com uma visão ateísta. Cosmovisões são de cunho pessoal e podem ser reforçadas por evidências científicas, por exemplo, mas teorias científicas e a ciência é completamente agnóstica em relação a divindades e o sobrenatural. Se não pode ser testado e falseado, não faz parte do escopo da ciência. Outro ponto que vale ser citado é que diversos cientistas importantes na teoria evolutiva são teístas, mas não criacionistas. Exemplos de evolucionistas teístas são: Alfred Wallace, Asa Gray, Pierre Teilhard de Chardin, Ronald Fisher, Theodosius Dobzhansky, entre muitos outros. Hoje também temos grandes nomes, como por exemplo, o Francis Collins, diretor do projeto Genoma.

A grande diferença dos evolucionistas teístas para os criacionistas é que eles sabem que o processo evolutivo não necessitam de uma divindade coordenando seus detalhes. Segue abaixo um resumo dessa cosmovisão apresentada por Collins em seu livro “Alinguagem de Deus”:

1. O universo surgiu, há aproximadamente 14 bilhões de anos (pela imposição de leis por Deus);

2. Apesar das improbabilidades incomensuráveis, as propriedades do universo parecem ter sido ajustadas para a criação da vida;

3. Embora o mecanismo exato da origem da vida na Terra permaneça desconhecida, uma vez que a vida surgiu, o processo de evolução e de seleção natural permitiu o desenvolvimento da diversidade biológica e da complexidade durante espaços de tempo muito vastos;

4. Tão logo a evolução seguiu seu rumo, não foi necessária nenhuma intervenção sobrenatural;

5. Os humanos fazem parte desse processo, partilhando um ancestral comum com os grandes símios;

Mais uma vez, as sugestões de leitura se tornam essenciais para suas considerações.

"6° - Nós, os criacionistas,não achamos que as descrições da Criação Divina contidas no livro do Gênesis pretendam ser um relato físico/químico/geológico/biológico/paleontólogico da formação do mundo. A Bíblia é um livro religioso, a sua mensagem principal é religiosa, isto é, trata das ligações entre o Homem e o seu Criador Divino. Como disse o católico Galileu Galilei a propósito da movimentação dos astros, a Bíblia não nos diz como anda o céu, mas como se vai para o Céu. A sua finalidade é muito mais importante. Aliás, nem Charles Darwin, em absoluto, achava que a sua tese evolucionista dispensaria a existência de Deus para explicar a realidade. A própria descrição do Genesis mostra a formação do mundo ao longo do tempo, "evoluindo" dos serem inferiores para os superiores, até chegar ao Homem. Este, apesar da sua proeminência sobre tudo o que havia sido criado até então, é tirado de uma matéria pré-existente, o "barro" sobre o qual Deus "sopra" o espírito.

Sendo o que me parece necessário ponderar, despeço-me cordialmente,

De "Um ruralino criacionista"

Zootecnista formado na UFRRJ

RESPOSTA DE FABIANO MENEGÍDIO:

Em sua primeira frase, você tenta demonstrar uma hegemonia inexistente no meio criacionista. Uma de nossas palestras tratou justamente dessa falta de hegemonia entre os criacionistas:

https://www.youtube.com/watch?v=jTl15RUVCHQ

Apenas para falar de dois tipos específicos de criacionistas, devemos lembrar que Criacionistas da Terra Jovem, diferente do que você apresenta, acreditam na literalidade da escritura bíblica e que ela apresenta um relato científico inspirado por sua divindade desde a sua primeira página até o fim. No Brasil, os adventistas são exemplos dessa corrente. Ken Ham e seu Museu da Criação é um outro exemplo extremamente conhecido.

Logo, seu relato sobre sua interpretação da bíblia é de cunho pessoal e não condiz com a categoria denominada “criacionistas”. Sua frase não condiz com o posicionamento de todos os criacionistas. Poderíamos classificá-lo dentro da corrente do Criacionismo da Terra Antiga, que não nega a idade da Terra, mas mesmo dentro dessa corrente temos diversas subcategorias. Alguns acreditam na literalidade bíblica mudando apenas a interpretação dos 7 dias que corresponderiam a anos ou milhares/milhões/bilhões de anos, outros tratam a bíblia de forma alegórica e diversas outras interpretações são possíveis e conhecidas.

Toda sua apresentação tem um valor teológico, mas nenhum valor científico, como você perceberá quando ler a literatura de Filosofia da Ciência sugerida. Quando falamos de evolução biológica, estamos falando de uma teoria testada e validade durante mais de 150 anos. A interpretação teológica sobre seus resultados ou mesmo filosóficas não interessam para a ciência e não mudarão os fatos estudados e validados. Recomendo que leia os livros sugeridos no decorrer das respostas, os artigos e literatura suplementar. Espero que entenda a diferença entre um conhecimento científico e teológico, além de compreender que suas criticas se baseiam em uma falsa dicotomia. Uma teoria científica não existe para validar ou invalidar uma visão teológica, mas pode ser usada por outras áreas do conhecimento como evidências favoráveis em seus discursos.

Sabemos que o conteúdo é extenso e que os questionamentos demonstram total falta de conhecimento científico e que de certa forma, seria desnecessário perdermos tempo respondendo tais questionamentos, mas acreditamos que a melhor forma de disseminar o conhecimento é assim, argumentando.

Eu, J.C, agradeço a paciência e disponibilidade do amigo Fabiano.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

CONHECER DE OUVIR FALAR


O jornal O GLOBO publicou no dia primeiro de abril – e eu gostaria que fosse mentira! – uma pesquisa da Fecomércio-RJ que revela que, em 2014, 70% dos brasileiros não leram um livro sequer em 2014. E, penso eu, quantos dos que leram não prestigiaram o lixo da superstição e das pseudociências?

O problema é muito complexo. Além do preço alto dos livros contra os baixos salários do povo, a maioria das cidades brasileiras não têm bibliotecas públicas, e as que existem fecham nos fins de semana – por isso aplaudo a existência da Biblioteca Parque Estadual, que não fecha nos fins de semana e fica aberta durante a semana até as 20 horas. Não há estímulo para a leitura. E o brasileiro acha que só se deve ler para passar numa prova, razão pela qual a maioria, ao deixar a escola, passa o resto da vida sem abrir um livro. Poucos pensam que a leitura possa preparar para a vida, para a tomada de decisões, para o melhor julgamento de questões.

A saúde da democracia depende do incentivo à leitura. E a saúde da Educação depende de uma boa remuneração dos professores para que eles possam ter dinheiro para gastar com livros. É preciso que os professores leiam para saberem o que indicar aos alunos. É preciso que os alunos conheçam autores e obras ouvindo falar deles, para que, querendo ler ou precisando de uma informação, saibam onde procurar.
Sou professor de Língua Portuguesa e aproveito cada ocasião em que falo de Gramática para falar de grandes autores e de textos importantes. Já escrevi no quadro artigos da Constituição ao ensinar acentuação gráfica, para que os alunos compreendessem o que é um Estado democrático. A mesma coisa fiz com parágrafos de “A Origem das Espécies”, de Darwin, para que eles entendam como esse grande cientista argumentava, que a Evolução não é um delírio de um ateu revoltado, como dizem a eles desonestos fundamentalistas.

Ao ensinar adjuntos adverbiais, escrevo frases do tipo: “Em 1953, o escritor Josué Montello casou-se com Yvonne na embaixada do México”. Explico:

-- “Em 1953” é adjunto adverbial de tempo, porque informa quando o fato aconteceu; “na embaixada do México” é adjunto adverbial de lugar”, porque diz onde o fato aconteceu. Mas por que eles se casaram na embaixada de um país estrangeiro, e não num cartório? Porque, naquela época, não existia divórcio no Brasil. Quando um casal se separava, se desquitava, e o desquite não dava direito a um novo casamento. Quando foi proclamada a República e feita a separação entre Igreja e Estado, o deputado Pardal Mallet defendeu que se criasse a lei do divórcio, mas a Igreja impediu isso dizendo que quem defendia o divórcio queria destruir a família. Só em 1977 Nelson Carneiro conseguiu aprovar a lei do divórcio, e as famílias não se acabaram por causa disso, como diziam as igrejas. – É preciso dizer isso não apenas para que eles ouçam falar do grande escritor Josué Montello, um dos criadores da Universidade Federal do Maranhão, mas que entendam também que a vida nem sempre foi como é hoje, que as leis e os costumes mudam, que nada está parado.

Aplaudo de pé o cineasta José Padilha que, no filme “Tropa de Elite” colocou uma cena em que, numa sala de aula de uma universidade, discutia-se a obra “Vigiar e Punir”, do filósofo Foucault. Por causa dessa cena, alguém que viu o filme leu Foucault. Alguém que não saberia da existência desse livro se não fosse o filme. Da mesma forma, quando traduzi o romance "Valperga", de Mary Shelley, semeei fartamente notas de pé de página com referências a importantes obras que merecem ser lidas.

É urgente que os professores assumam o hábito de comentarem livros em sala de aula.

É urgente que assumamos o hábito de comentar livros nas redes sociais.

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QUAKERS


Sabe aquele personagem de cabelos brancos que aparece na caixa da aveia Quaker? Ele representa um membro da seita religiosa quaker, uma seita popular na Inglaterra do século XVIII. Não sei se essa seita ainda existe. Alguém me disse que ela é a origem das seitas pentecostais. Se isso for verdade, evoluíram para pior.

"Quaker" quer dizer "aquele que treme", pois, segundo o testemunho de Voltaire nas "Cartas da Inglaterra", eles tremiam e se diziam possuídos pelo Espírito Santo. Mas a ética dos quakers era o ideal republicano elevado a uma potência escandalosa. Acho que ninguém consegue ser mais republicano que um quaker. Para começar, eles irritavam as autoridades, pois para eles todos eram iguais, não tinha esse papo de "meritíssimo juiz" ou "Vossa Alteza Real".

Nos EUA, os quakers, ao lado dos metodistas, iniciaram a campanha para a abolição da escravidão. (E hoje Marco Feliciano, incensado pelos pentecostais, diz que os negros carregam uma maldição lançada por Noé e faz de conta que os benditos brancos da África do Sul nunca lhes fizeram mal - Para quem não acredita que ele tenha dito esse absurdo, procure no Google a entrevista que ele deu à revista VEJA.)
Simone de Beauvoir , em "O Segundo Sexo" cita as seguintes palavras de um manifesto feminista escrito no século XIX, pela quaker Lucrecia Mott: "O homem e a mulher foram criados iguais e providos pelo Criador de direitos inalienáveis... O governo é feito tão somente para salvaguardar esses direitos... O homem faz da mulher casada uma morta cívica... Usurpa as prerrogativas de Jeová que é o único a designar aos homens sua esfera de ação." Compare isso com as declarações de Ana Paula Valadão, Mara Maravilha e tantas outras formadoras de opinião da ovelhada.

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terça-feira, 21 de abril de 2015

A QUEM INTERESSA O JORNALISMO DESONESTO?


Sexta-feira, 17 de abril, sento-me diante da TV e vejo o jornal da Bandeirantes apresentar uma matéria sobre "cura pela fé". Não posso negar que a fé tem seu papel na recuperação de doentes, pois o ser humano não é apenas um ser biológico, mas também um ser social e psíquico. O estímulo social e psicológico da fé tem influência sim na recuperação dos pacientes: qualquer fé -- seja em Cristo, Alá, Buda ou no Monstro de Espaguete Voador.

E o Jornal da Bandeirantes mostra um rapaz que, após um acidente automobilístico, ficou em coma na UTI (fotografias do rapaz inconsciente, entubado, com apenas um lençol a cobrir suas partes íntimas; que mal gosto!) e uma missionária pentecostal afirma ter-lhe salvo a vida repreendendo o espírito da morte. Ora, se formos aceitar a hipóteses de que a recuperação do rapaz inconsciente se deu ao fato de a missionária ter repreendido o espírito da morte, teremos de aceitar a hipótese consequente a essa, como seu óbvio desenvolvimento, de que os pentecostais descobriram o caminho para a imortalidade: basta repreender o espírito da morte para que a vida se prolongue. Então faço eu a pergunta: quando veremos um pentecostal alcançar a modesta idade de 200 anos?

É coincidência que essa reportagem tenha sido transmitida por uma rede de TV que aluga espaços para pastores que prometem cura e riqueza?

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domingo, 19 de abril de 2015

74° Hangout d'ARCA - O 25° aniversário do telescópio Hubble - com Duília de Mello


Se você gostou da matéria veiculada pelo fantástico hoje, dia 19/04, com alguns poucos minutos de duração, não deixe de assistir a este hangout onde a Dra. Duília de Mello pôde falar sobre o assunto por quase duas horas. Então, segue o vídeo do nosso septuagésimo quarto HANGOUT d'ARCA realizado no último sábado, dia 18/04/2015, onde abordamos, juntamente com a astronoma Duília de Mello, o tema "O 25° aniversário do telescópio Hubble". Duilia de Mello, nasceu em Jundiaí, SP, e foi criada na cidade do Rio de Janeiro. Ela é astrofísica extragaláctica, professora associada (tenured) de Física e Astronomia na PUC de Washington DC desde 2008 e pesquisadora associada da NASA Goddard Space Flight Center desde 2003. Ela é formada em astronomia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, é mestre pelo Instituto de Pesquisas Espaciais, é mestre pela Universidade do Alabama, é doutora pela Universidade de São Paulo. Ela fez pós-doutorado no Observatório Cerro Tololo no Chile, no Observatório Nacional no Rio e no Instituto do telescópio espacial Hubble nos EUA. Ela foi professora assistente na Universidade Chalmers na Suécia. Ela tem mais de 150 artigos científicos publicados. Em 1997 ela descobriu a SN1997D utilizando um telescópio no Chile. Em 2008 ela descobriu as bolhas azuis que são estrelas solitárias que vivem do lado de fora de galáxias utilizando o satélite ultravioleta GALEX. Em 2013 ela fez parte da equipe que descobriu a maior galáxia do universo. Entre o público ela é conhecida também como a Mulher das Estrelas. Em 2013 ela foi escolhida como uma das 10 mulheres que mudam o Brasil pelo Barnard College-Columbia University. Em 2014 ela ganhou o prêmio Profissional do Ano da Diáspora Brasil pelo seu trabalho em Tecnologia, Informação e Comunicação. Em 2014 a revista Época a selecionou como uma das 100 pessoas mais influentes do Brasil. A meta dela é mudar o mundo, estudante por estudante.. Esse hangout está imperdível e cabe ressaltar que o pessoal participou ativamente pelo youtube com perguntas diversas. Você não pode perder. Não esqueça de se inscrever em nosso canal, curtir e compartilhar o vídeo afim de disseminar o conhecimento de qualidade e gratuito. Não perca.
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sábado, 18 de abril de 2015

73° Hangout d'ARCA - Nutiças e mais nutiças!!!! - com a equipe da ARCA


Então galera, para quem não conseguiu participar e nem assistir ao vivo, segue o vídeo do nosso septuagésimo terceiro HANGOUT d'ARCA realizado este último sábado dia 11/04/2015, onde nós, os membros da ARCA comentamos algumas notícias desta semana. Esse hangout está imperdível e cabe ressaltar que o pessoal participou ativamente pelo youtube com perguntas diversas. Você não pode perder. Não esqueça de se inscrever em nosso canal, curtir e compartilhar o vídeo afim de disseminar o conhecimento de qualidade e gratuito. Não perca.
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sexta-feira, 10 de abril de 2015

MELHOR QUE LIVRO DE SUSPENSE


Estou lendo, empolgado, a biografia do lendário padre Cícero Romão, escrita pelo jornalista Lira Neto: "Padre Cícero - Poder, fé e guerra no sertão", editora Companhia das Letras.
Tudo começou quando uma fiel Maria de Araújo, começou a mostrar o que seria sangue em sua boca. Dizia que a hóstia sangrava quando ela recebia a comunhão. Não se encontrou uma explicação científica para o fenômeno, mas padres céticos lhe deram a comunhão tomando providências para evitar qualquer fraude e o fenômeno não se repetiu, fazendo-os afirmar que havia algum embuste por parte da beata.
Também o padre Cícero alegava conversar assiduamente com Jesus Cristo. O bispo, duvidando, pediu-lhe que perguntasse a Cristo como estaria a política brasileira no ano seguinte, quem seriam os próximos sacerdotes a serem nomeados bispos, quem seria o próximo cardeal da Bahia e quando os bispos do Brasil se reuniriam em concílio. Cícero respondeu que não poderia fazer tais perguntas ao Senhor.
Estranhamente, padre Cícero vivia na casa paroquial rodeado de fiéis solteironas denominadas "beatas". Maria de Araújo alegara que o padre Cícero a casara com Cristo. Tudo muito irregular.
Oficialmente, o Vaticano considerou padre Cícero um charlatão.
Incrível que o ex-cardeal Ratzinger, ex-papa Bento XVI, famoso por seu apego à ortodoxia, quisesse reabilitar o padre Cícero, que jaz dentro de uma igreja, privilégio reservado apenas a bispos e a pessoas que tiveram um processo de beatificação aberto no Vaticano, como recentemente o surfista seminarista Gustavo Schaffer.

Aí tem coisa.

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72° Hangout d'ARCA - Como ser poliglota na própria língua? - Com Eduardo Barreto


Então galera, para quem não conseguiu participar e nem assistir ao vivo, segue o vídeo do nosso septuagésimo segundo HANGOUT d'ARCA realizado no último sábado dia 04/04/2015, onde abordamos, juntamente com o professor Eduardo Barreto, o tema "Como ser poliglota na própria língua?". Formado em letras pela UERJ e com Mestrado e Doutorado em Literatura pela PUC-Rio. Atualmente, Eduardo Barreto é professor da FAETERJ-Rio (FAETEC) e da UNIABEU Centro Universitário. Ele falou sobre variabilidade linguística, preconceito linguístico e síndrome da inferioridade linguística. Esse hangout está imperdível e cabe ressaltar que o pessoal participou ativamente pelo youtube com perguntas diversas. Você não pode perder. Não esqueça de se inscrever em nosso canal, curtir e compartilhar o vídeo afim de disseminar o conhecimento de qualidade e gratuito. Não perca.
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71° Hangout d'ARCA - Big Science ou saúde para o povo? - Com Ronald Shellard


Então galera, para quem não conseguiu participar e nem assistir ao vivo, segue o vídeo do nosso septuagésimo primeiro HANGOUT d'ARCA realizado no sábado dia 28/03/2015, onde abordamos, juntamente com o físico Ronald Shellard, o tema "Big Science ou saúde para o povo?". Ele que é paulista de nascença e carioca de coração, formado em física pela USP e com doutorado pela Universidade da Califórnia, foi professor de física na PUC e no Instituto de física teórica. Foi presidente do Conselho do Observatório de Raios Cósmicos Pierre Auger, que é a maior instituição internacional voltada para o estudo de partículas energéticas, participou do experimento "Delphi" no CERN na década de 90 e já foi vice presidente da Sociedade Brasileira de Física (SBF), também foi negociador do nosso governo para a participação do Brasil no CERN.. Esse hangout está imperdível e cabe ressaltar que o pessoal participou ativamente pelo youtube com perguntas diversas. Você não pode perder. Não esqueça de se inscrever em nosso canal, curtir e compartilhar o vídeo afim de disseminar o conhecimento de qualidade e gratuito. Não perca.
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quinta-feira, 9 de abril de 2015

GRACILIANO RAMOS, A RELIGIÃO E EU


Graciliano Ramos era ateu. Todo mundo sabia disso em Palmeira dos Índios, e mesmo assim ele foi eleito prefeito. O melhor amigo dele era o padre. E, viúvo, a sua segunda esposa foi Heloísa, a sobrinha do padre. Ah, que sorte do Velho Graça não sofrer no sertão, nos anos 1920, os preconceitos que sofremos nós nas cidades grandes quase 100 anos depois!
Muitos ateus sonham com um mundo sem religião. Eu não sonho porque não consigo imaginar como ele seria, pois todas as civilizações até hoje tiveram a religião como elemento constituinte. Há mesmo ideias que não podem ser expressas sem um componente religioso. Imagina falar de Mozart. Você vai dizer que ele desde cedo mostrou seu dom para a música? Mas "dom" é algo que alguém dá. Quem deu? Deus? Então ele tinha talento? Confira a parábola dos talentos no cap. 25 do Evangelho de Mateus. E a palavra "aptidão", embora laica, é muito pobre para ser usada num texto sobre as habilidades de Mozart.
Na sua obra mais importante, "Vidas Secas", Graciliano mostra uma família tão miserável que nem sequer conseguia se comunicar direito. No momento em que o Brasil se industrializava, aqueles miseráveis viviam na Idade da Pedra, sem nem mesmo terem desenvolvido plenamente a capacidade comunicativa. A miséria os privava de serem plenamente humanos. Acho que esse romance é excelente para se falar de Pré-História e Evolução. (Não acha, David Ayrolla?)
Pois bem, no capítulo "Festa", aquela pobre família sai do fim de mundo onde vive -- ou vegeta -- e vai a uma festa de Natal, sem que, em momento algum, se fale no nome de Cristo (tal como os Flintstones comemoram o Natal antes de Cristo), não se fala em Deus. Eles apenas comem e bebem e se veem em meio a outros seres da mesma espécie, pois, nós, símios, somos seres sociais, ao contrário das tartarugas e dos tigres solitários. "Religião" significa "religar" e o ateu Graciliano mostra seus personagens se religando não a Deus, mas a outros indivíduos de carne e osso.
Por isso, não chega a ser de todo mentira quando nos acusam de estar transformando o ateísmo em religião quando promovemos encontros. Nós nos ligamos uns aos outros, nos juntamos por nossas afinidades. Religião sem liturgia nem dogmas, como na festa à qual os viventes de Alagoas comparecem. Estendemos a toalha, sentamo-nos na relva e comemos, sem falar do que nos possa dividir -- as disputas políticas, as rivalidades esportivas etc. É melhor falar do que possa nos unir: a necessidade de sairmos do armário e nos assumirmos ateus para melhor combatermos o preconceito e defendermos a liberdade de consciência e o Estado laico.
Creio que sempre seremos minoria, mas precisamos defender nosso direito de sermos o que somos.

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domingo, 5 de abril de 2015

ARTE E ÉTICA


Ao Pirula, de quem sou fã.

Frequentemente, os artistas são envolvidos em polêmicas por conta de suas obras de arte terem ferido a sensibilidade de algum grupo social ou por levantarem problemas com os quais a sociedade em que estão inseridos não lida bem. Exemplos: a birra do cardeal Dom Orani Tempesta e de Marco Feliciano contra os vídeos do canal “Porta dos Fundos” problematizando a fé cristã. Outro exemplo: um escritor de novelas da Globo queria que uma atriz mirim representasse cenas em que sua personagem, agindo como uma pequena psicopata, causaria problemas à sua família. (Não me lembro mais o nome do autor nem da novela.) O Juizado de Menores proibiu que ele desenvolvesse essa ideia por causa de um cipoal de leis que desaguam na questão da maioridade penal. E aí alguém lembrou que, com quase a mesma idade, em 1993, Macaulay Culkin, aos 13 anos, interpretou o psicopata do filme “O Anjo Malvado” (“The Good Son”). Porque as leis americanas assim o permitiram.
Quando se conta uma história, busca-se uma verossimilhança. Até mesmo em histórias fantásticas. Filmes como “...E O Vento Levou” e "Praia do Futuro" contam histórias que poderiam muito bem ter acontecido de verdade, ao contrário de obras como “O Senhor dos Anéis”, mas mesmo entre feiticeiros com poderes sobrenaturais e árvores que andam e falam, a verossimilhança tem de estar presente: as emoções dos personagens precisam ser verossímeis, passíveis de aceitação.
Darei um exemplo de verossimilhança numa literatura fantástica. No capítulo 14 do Evangelho de Mateus, a partir do verso 22, vemos o episódio de Jesus andando sobre as águas em meio a uma tempestade para encontrar os discípulos indefesos e amedrontados num barco. Para um fiel, esse episódio é verossímil porque Cristo, como filho de Deus, tinha o poder de cancelar as leis da Física. Mas o escritor do Evangelho era um mestre na arte de contar estórias. Se fosse possível a alguém andar sobre as águas e transferir esse poder para outra pessoa, tudo aconteceria dessa maneira. Pedro duvida diante do fato inusitado e pede uma prova: “Se for você mesmo, manda que eu vá ao seu encontro andando sobre as águas”. Jesus diz: “Vem” e Pedro vai e consegue andar sobre as águas. Mas a força dos ventos e a agitação das águas fazem com que ele se sinta inseguro e ele afunda. Nós nos sentiríamos da mesma forma se estivéssemos no lugar de Pedro. Porque, na nossa vida diária, muitas vezes nos sentimos inseguros diante de problemas que podemos superar. É comum fazermos tempestade em copo d’água. Uma vez estabelecida a empatia, a comunhão de sentimentos entre os personagens e o público, os absurdos podem ser sanados com a célebre frase de Chicó: “Não sei, só sei que foi assim”.
O problema está quando não ficam claros os limites entre ficção e realidade. O bom contador de histórias burla esses limites de modo a que seu conto pareça verdadeiro e será encarado como verdadeiro durante o tempo em que o livro for lido, a peça montada e o filme assistido. A sala de leitura, o teatro e o cinema são ambientes que contribuem para a credibilidade da ficção. Digo mais: se um ateu for convidado para ler uma página da Bíblia diante de uma plateia fiel e aceitar o convite, ele lerá aquela página como um texto revelado por Deus, pois aquela situação modificará psicologicamente sua postura diante do texto religioso.
Um caso clássico de como a ficção extrapolou seus limites foi quando, no Halloween de 1938, o ator e futuro cineasta Orson Welles fez uma leitura dramatizada do texto de ficção científica “A Guerra dos Mundos”, de H. G. Welles num programa de rádio que toda semana, naquele mesmo horário, divulgava obras de ficção. O problema é que grande parte do público não entendeu que aquilo era uma obra de ficção e acreditou que os Estados Unidos estavam mesmo sendo invadidos por marcianos, mesmo tendo o locutor narrado a invasão da rádio pelos alienígenas, o que, se fosse verdade, impossibilitaria a continuidade do programa. Terminado o programa, Welles foi ao aeroporto e só horas depois, ao sair do avião, soube do pânico que causara involuntariamente. O episódio lhe deu fama, mas diz a lenda que ele comentou: “Em qualquer país sério, eu estaria preso”. Não garanto que ele realmente tenha dito essa frase.
Dada essa necessidade de fazer o imaginado parecer real, escrever ficção é mais difícil que escrever relatórios ou reportagens. Se duvida, faça um teste: escreva duas páginas sobre a cidade em que você mora. Depois, escreva duas páginas sobre Santo Ayrolla, capital da Soraggilândia. Qual dos dois textos exigiu mais esforço mental?
Supondo que você tenha topado o desafio acima, imagine que seu texto sobre Santo Ayrolla, capital da Soraggilândia, fosse publicado numa revista literária que, rotineiramente, publica poemas e contos de autores de língua portuguesa. Imagine agora que ela fosse publicada num jornal de grande circulação ou numa revista de turismo. No segundo caso, seria impossível que alguém fosse a uma agência de viagens querendo uma passagem para curtir a lua de mel em Santo Ayrolla?
O vídeo do Pirula sobre “A desculpa do entretenimento” me fez escrever esse texto. Em 2010, visitei uma amiga em Maricá que insistiu para que eu assinasse TV a cabo, dizendo que a programação da TV a cabo é muito superior à TV aberta. Até hoje não assinei porque não gosto muito de TV. Vejo mais Youtube que TV. Mas, para me convencer da excelência dessa programação, ela me mostrou “documentários” em que supostos professores da Royal University of Sucupira afirmavam ter encontrado antigos documentos que relatavam um cataclismo ambiental por ocasião da passagem de um certo cometa que passaria de novo em 2012 e o texto dava a entender que deveríamos nos preparar para o pior, para o colapso de nossa civilização. Bem, nada de relevante aconteceu em dezembro de 2012, mas, em outra visita que fiz a ela, a moça tentou novamente me convencer a assinar uma TV a cabo e disse que os cientistas podem anunciar a qualquer momento a existência de sereias, pois teriam sido encontrados fósseis desses animais, e também teriam sido captados seus sons e suas imagens em vídeo. Essa respeitável senhora é professora primária. Tenho medo de pensar no que ela está dizendo a seus alunos.
Como escritor, tradutor e ator, não posso defender a censura – na verdade, eu até defendo em casos extremos. Por exemplo, é preciso censurar e punir esses fariseus que vendem quinquilharias ungidas a preços astronômicos para pobres infelizes que lutam para sobreviver com salário mínimo. Eu não censuraria quem escrevesse um romance em forma de monografia contando que, durante o governo de Itamar Franco, Brasil e Argentina travaram uma guerra em que até mesmo bombas atômicas foram usadas de ambos os lados, porque a maioria de nós se lembra da época de Itamar Franco e saberia que isso não aconteceu de fato, mas exibir peças de ficção num canal que tem a reputação de produzir documentários educativos e não deixar claro que se trata de uma ficção me parece um sério desvio ético que pode ter consequências lamentáveis na formação de um público com pouco rigor crítico.
A arte não pode ser desculpa para a irresponsabilidade.

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quarta-feira, 1 de abril de 2015

O AIATOLÁ DACIOLO É ANALFABETO FUNCIONAL?


Benvenuto Daciolo é o típico fundamentalista brasileiro, que não consegue exibir plenas habilidades de leitura. É essa a impressão que dá ao cair constantemente em contradições.
Bem, os políticos, em qualquer país do mundo, costumam se contradizer. Se formos vasculhar biografias de políticos, sejam eles alemães, canadenses ou brasileiros, veremos alguém que, em 2013, disse horrores contra alguém que, em 2003, dele só recebia louvores como fiel aliado e bom administrador. Ou encontraremos quem disse no dia 30 de setembro de um ano qualquer o oposto do que havia dito no dia 28 de setembro do mesmo ano. Mas Daciolo é recordista mundial em contradições: não consegue falar por três minutos sem se contradizer.
Sua página no Facebook, a "TV Daciolo", é um contínuo festival de incoerências. Logo após afirmar que detesta a religião e defende o Estado laico tal como reza o estatuto do PSOL, reafirma sua intenção de escrever na Constituição que "todo poder emana de Deus", Constituição essa que começa com as palavras "Nós, representantes do povo, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte", enfatizando assim o conceito democrático de que todo poder emana do povo.
A sua última asneira, que vi neste último dia 29 março de 2015, foi ele dizer que no sexto dia Deus criou homem e mulher e ordenou que se multiplicassem e que a única forma de a humanidade multiplicar-se é a união homem e mulher, declarando-se assim defensor da família brasileira (como se outras formas de união ameaçassem a família).
"Como eu posso tratar das diferenças dentro da sociedade se eu não consigo tratar das diferenças dentro do meu partido? (...) Não esqueçam da letra L: Liberdade. (PSOL significa "Socialismo e Liberdade")
Esse pequeno trecho mostra a incapacidade manifesta de Benvenuto Daciolo de fazer um discurso coerente. Como pode ele querer lembrar aos seus correligionários o L de Liberdade se ele mesmo ataca essa liberdade querendo impor como único modelo de família aquele prescrito pela sua fé?
A incapacidade de compreender textos e falar de forma coerente, bem como de analisar a realidade de forma coerente, é a marca registrada do fundamentalismo brasileiro. A incapacidade de reconhecer a enorme distância entre o discurso e a prática faz com que pessoas que usam anticoncepcionais repitam que o sexo existe apenas para a reprodução. E se Daciolo diz que para o bem da família todos têm que se relacionar com o sexo oposto, quando é que ele e seus iguais (Malafaia, Feliciano, Magno Malta, Eduardo Cunha e afins) irão para as portas de conventos e dioceses para convencer freiras e sacerdotes católicos a abandonarem o celibato e procriarem como Deus mandou? Ah, é que jogar pedra nos LGBTs é mais fácil, né?

Em nome da democracia, voltem para a alfabetização. Aprendam a ler.

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A INCOERÊNCIA DOS FUNDAMENTALISTAS


Marco Feliciano propõe um boicote à Natura, porque a empresa patrocina a novela "Babilônia", que exibiu um beijo apaixonado entre duas anciãs, como se as lésbicas forem seres tão fantásticos quanto os unicórnios e como se os idosos não tivessem libido. E promove esse boicote usando o Facebook, cujo criador, Zukerberg (é assim que escreve, minha gente?) se pronuncia publicamente em favor dos direitos civis dos LGBTs.

Silas Malafaia topava tudo contra Dilma, porque, segundo ele, a administração petista promove a ditadura gay e a destruição da família tradicional. Mas, no Rio de Janeiro, apoiou Pezão contra o bispo Crivella da Igreja Universal. Quem é Pezão? Era o vice do governador Sérgio Cabral Filho. Quem é Sérgio Cabral Filho? O governador carioca que confessou ao STF que, diante da omissão da lei, concedia aos servidor públicos do estado do Rio que declaravam ter uma relação estável com uma pessoa do mesmo sexo da mesma maneira que tratava os heterossexuais, concedendo-lhes os mesmos direitos previdenciários. E quis que o STF se pronunciasse sobre a sua atitude. O resultado já se sabe: unanimemente o Supremo aprovou o reconhecimento da união civil entre pessoas do mesmo sexo, e, meses depois, o casamento civil. E Pezão é o continuador de Sergio Cabral Filho.

E agora, Feliciano?

E agora, Malafaia?

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Trailer do Hangout d'ARCA