quarta-feira, 24 de setembro de 2014

JOÃO ANTÔNIO DONATI: UM CRIME DIDÁTICO


JOÃO ANTÔNIO DONATI: UM CRIME DIDÁTICO

Os aliados da homofobia, como Bolsonaro e Malafaia, citam o total de assassinatos no Brasil e subtraem a pequena parcela de LGBTs assassinados desse total. Dizem que o crime de homicídio que consta do Código Penal basta. Que transformar homofobia é dar privilégios aos LGBTs. É dar a essa gente uma espécie de "título de nobreza".
Sim, os números de assassinatos de LGBTs é pequeno se comparado ao número de assassinatos de não-LGBTs, simplesmente porque os LGBTs são minorias. Mas quem já assistiu a um julgamento real ou simulado sabe que algumas perguntas são feitas:
1) O crime realmente aconteceu? Ou seja: fulano está morto mesmo? (Lembram que o ex-advogado do ex-goleiro Bruno sustentava que Elisa estava viva?)
2) Se a pessoa está morta, morreu de quê? (Suponhamos que João tenha esfaqueado Pedro, mas os golpes não foram fatais. Pedro morreu por que, a caminho do hospital, foi picado por uma cascavel.)
3) Qual o motivo do crime?
4) Como foi o assassinato? (Se, por exemplo, o assassino usou veneno, ou matou a vítima dormindo, ou a amarrou, impedindo que ela fugisse ou se defendesse, ou a queimou viva, esses atos pioram a acusação. A maneira como se deu o assassinato influi sim na pena.)
A grande diferença entre os crimes de homofobia e os demais assassinatos é que um heterossexual não é morto pelo simples fato de ser heterossexual. Alexandre Ivo e João Antônio Donati foram mortos só porque eram homossexuais. A motivação revela um crime de ódio.
A maneira como eles foram mortos é típica dos crimes de ódio. Não foi simplesmente um tiro. Não foi simplesmente uma facada no peito. Foram longas sessões de tortura. Os criminosos se divertiram com o sofrimento prolongado das vítimas. Ouvi coisas sobre o cadáver de Alexandre Ivo que eu nem quero lembrar. E João Antônio Donati teve os braços e pernas quebrados antes de ser estrangulado.
Na boca do cadáver de João Antônio Donati, um bilhete ameaçando de morte "toda essa raça".
E quando, há quatro anos, Angélica Ivo foi ao fórum de São Gonçalo depor sobre a morte do filho adolescente e gay, diante dele estava um outdoor com o rosto sorridente do maléfico Silas Malafaia sugerindo que os LGBTs são uma ameaça à espécie humana. Como esse facínora explica o fato de continuar nascendo gente nos países que concederam aos LGBTs os mesmos direitos dos heteros?
E não posso esquecer de Bolsonaro, que disse que os pais deveriam bater nos filhos gays para tomarem jeito de homem. Uma semana depois o pai do pequeno Alex o espancou até a morte.

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