terça-feira, 7 de janeiro de 2014

#Ateus - Respeito é bom e eles gostam, mas eles querem por quê?


      Na maior parte dos casos encontrados nas discussões em grupos de debates religiosos, existe uma ‘palavrinha mágica’ bastante pirlinpimpada como o viés sacro santo da verdade: respeito. Mas o que isso de fato significa quando se pede (exige-se) respeito. Até onde a implicação dessa ação é de fato necessária, tendo em vista que sua concepção quase sempre é abrangente demais para se criar uma noção explicita do que se quer.
         Numa discussão entre pontos antagônicos de um mesmo assunto, a retórica costuma prevalecer como meio de se impor uma ideia. Não se quer especificar que haja brechas em suas ideias, mas que as mesmas sejam incorruptíveis, quando muitas vezes são incautas. Assim, não admitiremos sentenças e propostas que vão de encontro às nossas proposições. Mas esta é a função do debate: promover ideias diferenciadas – na maioria das vezes – sobre um determinado tema para que todos os participantes possuam uma mínima (ao menos) noção das diversas correntes deste. 
       Mas, como em geral ocorre em debates, deflagra-se o conceito de respeito para com as diferentes opiniões. E acaba por ser universal a aceitação deste termo. Mas como, de maneira clara e objetiva, duas visões antagônicas podem se respeitar? Bem, primeiro que não são as “visões“ que exercerão o respeito mútuo, mas os oradores. E neste caso podemos conceber que o respeito provém não diretamente da compreensão da ideia contraria – visto que raras vezes isso não ocorre – mas do fato de simplesmente existirem pessoas que as redigem. Daí a compreensão mor: por entendimento direto, pessoas devem ser respeitadas por serem vivas e passiveis da visão difusa de seus costumes – próprios e os distintos – e esses costumes lhes são imputadas desde cedo, para simplesmente ignorar ou até mesmo denegrir quaisquer visões divergentes e/ou não conhecidas. 
         Esse respeito é o mais o abrangente possível, e instiga a um raciocínio curioso: como respeitar pessoas que matam, discriminam, impõe-se por torturas e viés cruéis desde crianças e idosos indefesos até mesmo pessoas com diversas dificuldades? Retornamos então à posição de que “pessoas devem ser respeitadas por serem vivas e passiveis da visão difusa de seus costumes – próprios e os distintos – e esses costumes lhes são imputadas desde cedo”. Por mais senso de justiça (que aqui é seriamente corroído pelo senso de vingança) que acreditemos reportar ao se ter ações de repúdio e desprezo, temos que saber que esta não seria uma ação contra a ideia, que não se perde com o indivíduo, mas contra o delator da mesma que apenas criaria, no mínimo, ações de mais repúdio e tentativas frustradas de se estabelecer conexão entre a ação e as ideias, e estas devem de fato não possuir qualquer ligação. 
        Ao contrario, o repúdio às ideias se faz não apenas necessário, mas inegavelmente conciso quanto a instituição das premissas necessárias numa sociedade civil organizada. Repudiar estas visões leva diretamente ao debate, e incita seus ideários a repeti-las, o que criaria mais aversão a estes casos e os mesmos utilizando de retórica falaciosa, o que, numa moral deflagrada inconsistente, se perfaz como últimos auguros do desespero. 
     Por tanto, acaba sendo linear uma percepção de que o respeito exigido em casos específicos de controvérsias e direções incongruentes é apenas uma severa desculpa para se perfazer sobre ideias fracas e dissolúveis. Quanto mais fraca e mais promíscua a ideia for, maior o respeito para ela será exigido por seus falatradores. Respeitar o falastrão implica em se reerguer os parâmetros da dialética do debate, mostrando que os mesmos serão vistos como pessoas que, mesmo possuindo visões rasas e profiláxicas de variações sociais, ‘não sabe o que dizem’. 
        Ações assim implicam – e esta visão não é incomum – numa soberba do acionador, que será visto por desprezar a ideia alheia. Mas aí sim, deflagra-se a máxima dita antes: como respeitar a ideia que se utiliza de erros analíticos grosseiros para serem angariados por massa de indivíduos – e consequentemente grupos sociais – que, desprovidos de informações e com senso comum exalando de seus poros racionais, são levados às ações ignóbeis com e para outros seres humanos e seu próprio meio de subsistência? Sim, estas ideias merecem todo nosso desprezo e repúdio, sintetizando o fato de que o ser humano, por excelência, pode vir a compreender algo – quando alijado dos males de sua patota genealógica – para o bem de nossa própria evolução. Já uma ideia, bem, uma ideia raramente evolui. E se a mesma parecer estar indo para um caminho intrínseco de evolução, esta deve perder sua ‘origem’, passando a ser uma ideia completamente nova, mas baseada em outra.

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#HD

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