terça-feira, 26 de maio de 2015

PAULO DE TARSO, DESTRUIDOR DE LIVROS, E OS FRICOTES DE MARCO FELICIANO, HIPÓCRITA-MOR


Um garoto queimou uma Bíblia numa universidade e Marco Feliciano teve um dos seus costumeiros fricotes. Será que o Guiness registrou algum recorde de fricotes até agora? Duvido que haja em todo o planeta uma única travesti que tenha mais fricotes que esse fariseu. Em matéria de fricote, ele sozinho vale por uma zona inteira. O garoto poderia queimar a Bíblia, o "Dom Quixote", o "Manifesto Comunista", o "Mein Kempf" e até as obras completas de Machado de Assis e Paulo Coelho sem causar dano algum a essas obras. No ponto em que chegamos, com livros arquivados em bibliotecas de todo o mundo, reproduzidos sem licença em fotocópias e arquivos PDF, não há possibilidade que um único livro se perca. Até mesmo meu livro de poemas, que não encontrou editora que o publicasse em papel, está disponível para quem quiser comprá-lo no site Amazon. Eu posso morrer a qualquer hora, mas as heresias que escrevi em "Doce Inverno de Ouro Preto" sobreviverão a mim. Queimar livros é um gesto feio, concordo, que lembra a tirania nazista e a nefasta Inquisição, que reprimia o pensamento do mesmo jeito que a hipócrita bancada evangélica gostaria de proibir. Vide os faniquitos deles contra os humoristas do "Porta dos Fundos". Crime pior que o desse garoto cometeu o apóstolo Paulo de Tarso. No capítulo 19 do livro bíblico de "Atos dos Apóstolos", narra-se que ele capitaneou uma grande queima de livros na cidade de Éfeso, numa época em que cada exemplar era um objeto raro. E hoje esses livros fazem falta aos historiadores para documentarem a vida cotidiana daquela civilização. Isso sim foi um crime contra a cultura universal. Tal como fizeram os colonizadores que chegaram no continente americano destruindo tudo que puderam destruir das culturas indígenas que aqui estavam antes deles. Esses hipócrita da bancada evangélica, que fazem uma gritaria porque um universitário queimou uma bíblia, ficam em silêncio quando os terreiros de candomblé são invadidos e têm suas imagens destroçadas; não dizem nada em defesa da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, na cidade de Ouro Preto, um templo tombado pelo Patrimônio Histórico que está fechado à visitação e necessitando de restauração urgente -- lá dentro está o túmulo do Aleijadinho, nosso maior artista, e ano passado, quando Minas e o Brasil lembraram os 200 anos de sua morte, ninguém pôde colocar flores sobre seu jazigo; nada disseram em solidariedade ao cacique Guajajara, que permaneceu mais de 24 horas em cima de uma árvore, em janeiro de 2013, defendendo, no Rio de Janeiro, o solo sagrado da Aldeia Maracanã, junto ao histórico casarão onde um dia funcionou o Museu do Índio, casarão este onde eles creem que moram ainda os espíritos do Marechal Cândido Rondon, que empresta seu nome a um estado da Federação, e de seu discípulo e continuador, o antropólogo Darcy Ribeiro -- lá eles faziam suas orações, suas danças, seus rituais, adorando seus deuses e eu assisti vários desses momentos, filmei e postei no Youtube. Ateu, lá estava para defender seu direito a cultuarem ali seus deuses e seus antepassados. Não, diante da perseguição religiosa a quem não é evangélico, diante do risco de se perderem locais de outros cultos e outras tradições, os fariseus do parlamento se calam. Acho que o universitário fez mal em queimar a Bíblia. Deveria sim queimar retratos de Marco Feliciano, Magno Malta, Eduardo Cunha, e de toda essa corja que se esconde atrás da Bíblia para obrar o mal contra a democracia.

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